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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Acasos

terça-feira, 12 de janeiro de 2010 0
  





  Estava admirando, da janela do seu apartamento, as árvores de um parque qualquer, que se localiza na frente da sua casa, enfim, eram exemplares de diversos tipos, para todos os gostos, vindos das diversas partes do mundo provavelmente. Os carros passavam como lápis riscando papel de forma firme e objetiva, mas algo o intrigava demais, de maneira que lhe causava uma preocupação que talvez fosse descabida ou quem sabe fosse maior que sua própria percepção. Prosseguindo sua divagação a cerca dos problemas e ainda admirando a vista da janela de seu apartamento observou um mendigo que passava na calçada da praça e então pensou: por traz daquela aparente tristeza existencial, de se viver na rua, sem abrigo, ou seja, com todas as adversidades que há numa situação dessas, apesar de tudo isso parecia ter menos problemas do que ele. A moça de cabelo ruivo caminhava muito rapidamente com medo que lhe descobrissem, temendo o pior: que lhe reavisassem a bolsa, desvendariam seu grande segredo, oqual tanto esconde de todos, incluindo ai seus pais, principalmente eles. Nervosismo já estava lhe tomando o corpo por completo, sentia que já estava surtando de vez, quem ou o que lhe produzia aquele medo incompreensível, seria esta cena verdadeira ou uma mentira, talvez um reflexo da sua intensa paranóia. Ela esbraveja insultos no seu monólogo interior, aflita pelo atraso do seu contato, pois se não se concretizasse esse magnífico acontecimento, com certeza sua vida escaparia por um fio. Distraiu-se observando um casal que não parava de discutir, estavam sentados em um dos bancos da praça, pelo que observava ela parecia bem zangada com o rapaz.

- Eu te avisei que da próxima vez não haveria desculpa que me impedisse de dizer às coisas que você precisa ouvir urgentemente, se prosseguires com estas tuas manias, com estes teus vícios, acabarás com a tua vida, não percebes.

 Com toda razão Raquel chamava atenção de Pedro, pois não queria se envolver com alguém que fizesse uso de narcóticos, fossem eles da categoria que fossem. Onde se viu ter uma vida ao lado de um viciado, além é claro da saúde que se deteriora aos poucos que moral teria ele para criar os filhos que tivessem. Raquel já estava cansada desta situação, em outras palavras, o brilho intenso do amor de outrora, hoje estava um tanto quanto ofuscado por todos estes últimos acontecimentos.

- Mas Raquel eu te amo, apenas disto é que tenho certeza, o resto pouco importa ou quase nada e por isto mesmo é que me esforçarei, abandonarei todas estas coisas.

 Promessas é o que mais fazemos, no entanto poucos as cumprem de fato e oque resta no final é o amargo gosto do arrependimento. Com Pedro não seria diferente, pois foi por toda sua vida um viciado de carteirinha, como se diz, e tudo isso acabou apenas no seu trigésimo segundo aniversário, a idade que cristo morreu, depois de uma overdose fatal, deixando dois filhos sem criar por completo, a promessa de Raquel também não foi cumprida, uma vez que ela é a viúva. O mendigo prosseguia seu caminhar, quando de repente esbarrou numa moça que fazia seu trajeto de forma muito rápida, segurava sua bolsa com tal afinco, que em certo momento, quando o mendigo se aproximou dela para ajudá-la a levantar a bolsa ela se esquivou com certo desprezo por ele, agarrou a bolsa de forma ríspida e seguiu seu caminho.

Da sua janela Chico observa a cena e sente pena daquele pobre homem maltratado pela vida, que apesar de tudo era um ser humano e merecia respeito, por outro lado pensou se havia respeito num mundo conturbado e arisco, como este em que vivemos.

 Raquel afagava a nuca de Pedro e observava a cena humilhante pela qual o acaso forçosamente fez aquele homem passar. De repente sentiu uma raiva daquela moça, talvez estivesse com uma gana de cobrar sua tristeza em relação ao Pedro, cobrar daquela moça de cabelos ruivos. O mendigo dá força ao seu passo moribundo, triste produto das sociedades sujas deste mundão. Ele anda naquela pista negra, como sua vida ha muito tinha se transformado, com listras descontinuas amarelas, adorava ver o amarelo do arco-íris ainda na sua primeira infância. Fita o céu e se admira com o azul anis daquele imenso manto que recobre a terra, estava completamente límpido e sem nuvens, se maravilhava com ele, como se fosse pela primeira vez. Mas na verdade seria a ultima vez que veria o céu, ao atravessar a rodovia, um ônibus o atropelou. O que se vê depois é apenas seu débil corpo se contorcendo ao chão, devido ao impacto, o sangue escorrendo pela boca, o qual se transformava num vermelho negro ao tocar o chão, sob sol escaldante de um verão intenso. Ao redor do corpo aglomeram-se curiosos, entre eles: a moça preconceituosa de cabelo ruivo, Raquel, Pedro e Chico, que desceu do seu apartamento.

 O estranho é que todos eles estavam estranhos àquela situação, pelo menos naquele momento, mas por incrível que pareça, este fatídico acontecimento de alguma forma os atingiriam e suas vidas não seriam as mesmas dali em diante.



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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

DISKINHOS

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010 0
DAMNED, DAMNED, DAMNED
 

Clássico do rock e principalmente ou mais precisamente do punk inglês safra 1977.




  O dito cujo é “DAMNED, DAMNED, DAMNED” do the damned. A banda foi um dos expoentes da cena punk juntamente com os pistols e o clash, eles estavam naquele famoso show dos ramones em 1976 em Londres, e como boa parte das demais bandas punks, foi logo após este acontecimento que a banda efetivamente surgiu. A capa do disco já adiantava oque esperar, e não foi diferente, pois as músicas são quase na sua totalidade boas, todas elas carregavam riffs velozes e simples, características da sonoridade punk. Destacando-se as energéticas “neat, neat, neat”; “Born to kill”; “new rose” e a cadenciada “Fan club”, e seguem-se outras boas faixas até o final, que não menos glorioso traz um cover de uma forte influencia para o Damned, e para outras centenas de bandas punks, estou falando dos stooges, poderia ser outra?!, A música escolhida foi uma menos manjada: “I feel all right” um pouco diferente da versão original, aqui ela aparece com menos peso nos riffs e mais rápida, oque escapa ileso é vocal do mister Capitain Sensible que martela o Judas.
  Então fica a dica deste achado que estava esquecido no passado rock’n roll. Quando falarem de punk inglês e citarem apenas sex pistols e clash, por gentileza pronunciem o nome THE DAMNED. Abraço!

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Pela passagem de uma dor







 Em dado momento sente uma dor profunda no lado direito do peito, dor de amor ou outra coisa. Não sabe explicar. Como o crepúsculo é lindo, da janela aberta da sua quitinete admira com comoção infantil. Barulhos de carros circulando na rua, todos eles com suas rodas liga – leve, pneus gastos cheirando a queimado, provavelmente a esta hora são as pessoas retornando para casa depois de um longo dia de trabalho. Observa a sua volta, fazendo um tour visual na sua quitinete. Primeira coisa que mira são as paredes hoje gastas e cheias de remendos, parecendo cheirar a mofo, refletindo a tristeza entranhada em sua alma. Houve um dia, no qual estas mesmas paredes maltratadas de hoje eram jovens paredes novíssimas em folha e refletiam outras coisas um pouco mais positivas do que agora, tempos de abastança sentimental, amor incondicional, sorrisos estampados, as auroras de cada dia vinham como afago no rosto, sopro de paixão no coração. Hoje teria de se contentar com uma aguda dor no coração, que por diabos, não queria sucumbir. Detinha o olhar na sua coleção de discos, com infoque especial para os do Bob Dylan, como eram bons os tempos que se gastava, aqui mesmo sentado neste sofá, sorvendo um gole de vinho numa audição coletiva, a qual lhe parecia infinita. Aqueles foram tempos conturbados, mas gostosos a valer, tempos de amizade verdadeira, de abraços verdadeiros, de esperança, tempos em que a derrota era o estimulo maior para continuar e derrotar o inimigo fosse quem fosse este inimigo, se tivesse que resumir em uma palavra àquela saudosa época, diria ESPERANÇA. Tenta arranjar uma desculpa para esta apatia abrupta pelas relações humanas, físicas ou sentimentais era tudo um imenso desestimulador vazio, sem crenças de qualquer ordem fossem religiosas, políticas, sentimentais, apenas aquele perturbador e ao mesmo tempo confortável vazio. Sentia-se como uma alegoria estática e na sua volta as pessoas correndo pra la e pra cá nas suas conturbadas vidinhas normais. Talvez fosse isto que detestasse: este padrão retilíneo e sem desvios. Caminha até a velha vitrola, fez questão de trazê-la quando sua mãe morreu, pois gostava de ouvir musica em velhas vitrolas justamente pelo som que era mais nítido e também porque enxergava certo charme nisto. Escolhe um disco do Vam Morrison. Mais precisamente Astral weeks, emocionava se com o timbre da voz dele. Neste momento lhe causa certo riso esta situação devido à discrepância entre sua vida neste momento e as musicas melodiosas do Vam Morrison. Como a vida muitas vezes se contradiz, talvez seja porque todo ser humano algum dia em toda sua existência se contradiga, se refere a contradições sentimentais, equívocos amorosos, etc. Agora esta fitando naquela mesma parede velha uma réplica de uma das pinturas do Vam gog, não compreende o motivo pelo qual aquele quadro esta ali, disposto daquela maneira, não se lembrava quem nem quando haviam colocado ali. Quem sabe teria sido nos velhos tempos, nos bons e velhos tempos. Enquanto ocorre toda esta divagação, que talvez fossem lamurias de um louco solitário na sua bolha, a melodia das canções do Van Morrison o fazia chegar à plenitude da tristeza. Agora percebia o quanto faltava um toque feminino na decoração da sua quitinete. Principalmente nos detalhes que para a maior parte dos homens passam despercebidos, um toque feminino era sempre bem vindo, faltava mais do que isto, um perfume feminino que enchesse o ambiente com sua doçura e leveza, abrilhantando o ambiente. Sempre idolatrou as mulheres, estes seres cândidos e ao mesmo tempo complexos que fazem rir e chorar, por vezes promovem a completa mistura de todos os sentimentos ao mesmo tempo. Formando um híbrido de amor e ódio, de sorrisos e choros.
Agora era apenas aguardar o derradeiro instante onde tudo se transformaria o belo ficaria feio, a tristeza se converteria em felicidade e as relações seriam verdadeiras sem aquela falsidade pedante a que todos estamos fadados. Em instantes que podem ser segundos ou anos tudo será melhor. Todos os desejos mais íntimos e estranhos seriam passiveis de concretização. Enquanto este instante não vinha ficava transformando sua tristeza em poesia, era preciso exorcizar seus demônios que insistiam em permanecer enclausurados.
Já era noite e as estrelas lhe faziam companhia seus olhos foram cerrando lentamente até suas vistas encontrarem a completa escuridão e a dor no peito o abandonar por inteiro.

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