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segunda-feira, 12 de julho de 2010

O embrulho

segunda-feira, 12 de julho de 2010
 -Embrulhou tudo mesmo?, sem rastro algum?.Espero que tenha saído como planejamos.


     -Diz uma coisa?, quando que deixei na mão.Não..não...não, nem reponda que eu mesmo me dou ao trabalho: NUNCA


     -É, mas sabe como é que é, uma fora e tudo acaba mal, entendeu?


     -Tá parecendo até militar com este "entendeu".Já te passei todas as coordenadas, tem erro não, deixei bem esmiuçado?


     -O plano ou serviço?


     -Os dois.

     -Então só aguardar, que o tempo se encarrega de todo o resto.


       No fundo rola uma canção muito boa que agradava a ambos, não lembra o nome, mas era uma banda dos anos sessenta, periodo muito admirado, pelos dois, na história do rock.O cara com camisa de flanela xadrez acende um cigarro sentado naquele sofá empoeirado com mancha de mofo, fruto de võmitos homéricos não limpos ao longo de noitadas movidas a drogas e diversão.


      -Relaxa véio, não tem como furar é aguardar e pronto, serviço completo, pega ai.

      Após esta frase passa o cigarro para as mãos do outro que aceita com certa avidez, talvez pensasse que serviria como uma distração para seu nervosismo visível, pois tudo teria que transparecer de forma trivial, quando chegasse o momento oportuno. 

      -Somente vou relaxar depois que tudo estiver devidamente resolvido, até o ultimo momento toda situação é delicada. 


      -Sabe de uma coisa? eu tô relaxado, nunca falhei. E tem mais uma: dei sumiço em tudo.

      -É ainda bem, ainda bem.Poxa, se não tivesse se entrometido com meus esquemas poderia ter ficado tudo bem.

         Começa a coçar a barba que estava grande e cobria os buracos que tinha no rosto devido as milhares de espinhas espremidas na adolescência.Dá duas tragadas no cigarro e passa a mão direita no rosto.Dá meia volta e obeserva friamemte o retrato da mãe na parede da sala.Sente um misto de dor e desprezo, tudo ao mesmo tempo.Atormentava-o a tal ponto aquela fotografia, resultando num esgotamento emocional rasoável.Bafora a fumaça do cigarro para o alto e passa para o outro sujeito que tenta balbulciar algum estrofe da musica que tocava na velha vitrola.

       -Oque deu mais trabalho foi cortar a cabeça que tava bem dificil, tambem os instrumentos não ajudavam muito, outro problema foi o sangue.


      -Cê limpou tudo lá?


      -Dei meu jeito.


      -Sim pô, ninguem merece ter de cozinhar num ambiente todo sujo de sangue.


      -Negócio agora é acender uma vela pra velha ser bem recebida lá onde quer que esteja.


      -Tá arrependido é Silveira?


      -Lógico que não rapaz.


      -Só mato quando acho justo, ai é sem dó e faço bem feito que é pra valorizar o ordenado.


      -Essa velha nunca mais vai me encher o saco por causa do meu fanatismo por rock e de quebra não vou precisar suportar aquele forró horrível que era obrigado a aturar.


       E assim o homem de camisa xadrez se despede e sai com sua mala em direção ao táxi que lhe aguardava em frente a casa.Ainda na porta olha para traz fita o outro homem nos olhos e esboça um sorriso no canto da boca, meio sem graça.Coloca sua boina estilo europeu e sai debaixo daquela chuvarada que caía.O outro homem vai até a vitrola, troca o vinil, procura a faixa desejada, aumenta o volume.Vai até a estante prepara um whisky duplo.Cai no sofá com a consciência do dever cumprido, como se tivesse vindo de um dia atarefado de trabalho.Prossegue no seu ritual cantarolando a canção que  era lida naquele velho vinil.

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