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segunda-feira, 5 de julho de 2010

O segredo

segunda-feira, 5 de julho de 2010
    Era julho, mês de muito frio aqui em Rio dos Cordeiros, o vento desfolhava quase por completa as cerejeiras que haviam aos montes naquele bairro, era o charme daquela rua.Seu Arlindo sempre escrevis seus versinhos inspirados por aquelas belas cerejeiras, uma flor linda dava aquela árvore.
Todos à mesa. Numa das cabeceiras seu Arlindo, na outra Pedro, enquanto numa das laterais ficavam lado à lado, Ana e Leandro, este último por sinal muito bem trajado com um suéter azul.Do outro lado ficava Joana, tal como Leandro muito bem vestida, oque realçava mais sua beleza, deixando em segundo plano seus traços de envelhecimento, impercepitiveis.

  Pedro obeservava a todos sem tecer comentário algum, mergulhado em suas preoucupações, seus dramas.Enquanto sorvia um gole de vinho do porto, percebia o contraste entre a suavidade daquela bebida e o amargor  perturbador de sua existência.Atento a todos, sentia como seu amigo de infância, Leandro, se engraçava, com classe, para sua irmã, que parecia absorta em seus pensamentos, talvez sobre arte ou qualquer outra coisa menos Leandro.Ana imaginava como podia aquele garoto ser tão
idiota a ponto de não  perceber o quanto era chato ou completamente desinteressante, ao menos, para ela.Estava mesmo era pensando em seu pai, ao que indicava faltava muito pouco para se envolver com aquela interesseira, viúva de dois matrimonios, mortos em circuntâcias um tanto quanto estranhas, dois assassinatos, os quais esteve como acusada.Jamais concordaria com este relacionamento estapafurdio, exatamente esta palavra, gostava de utilizá-la em situações desta oportunidade.
 
   Terminado o jantar, agora seu Arlido e Joana estavam  nas despedidas, ela dizendo o quanto tudo estava tão organizado, desde o cardápio, com destaque para escolha do vinho, até a preparação da mesa com todos os acessórios acertadamente dispostos.Enquanto isso, naquele exato momento no sofá quadreculado em frente à lareira, Ana falava para Leandro que não havia chance alguma de acontecer algum envolvimento amoroso entre eles, não existia espectativa alguma.

   Pedro encontrava-se na varanda do apartamanto observando os automóveis deslizando de um lado ao outro.Era chegada a hora de falar tudo, desafogar seu peito, com certeza piorar não iria, pelo contrário, seria tudo mais saudável para ele, porque não dizer para ambos.Quando seu Arlindo retorna, ja estam todas as luzes apagadas, menos a da varanda de onde podia ver na penumbra da luz uma fumaça de cigarro, havia alguém lá com certeza.Chegando até esta parte da casa avista o filho fumando um cigarro, apesar de ter parado de fumar à algum tempo consegue distinguir até mesmo a marca do cigarro o qual definiu, com certa confiabilidade, como sendo um malboro filtro laranja, o mais forte de todos.Desconhecido era o motivo pelo qual seu filho estava cometendo tal ato, pois sabia muito bem que ele não fumava, a não ser que tivesse começado agora e nem mesmo havia reparado, tão atarantado com seus problemas, ocupadíssimo com os afazeres da livraria.Resolve questionar o filho a respeito daquele ato repentino de começar a fumar:


-Começou agora?

-Oque ?-indaga o rapaz.

-Isso ai que você tem na mão?-retruca o pai.

 Pedro levanta o cigarro e mostra ao pai.
-O senhor quer dizer o cigarro?, já faz algum tempo. Até mesmo Ana sabe.

-Longe de mim falar alguma coisa é que apenas tive a curiosidade de saber.E sabe de uma coisa?, me dê um tambem, hoje não foi fácil.- sempre que ficava tenso seu Arlindo fumava um cigarro e se for um assunto extremamente delicado, pior era.

Pedro jogou a carteira de cigarro nas mãos de Arlindo com certa força.

-É pai, como são as coisas.Nem mesmo você, o defensor das boas maneiras percebeu que seu filho mais velho estava fumando.São tantos os problemas com que se preoucupar não é mesmo?

-Não é verdade. São apenas distrações que cegam algumas vezes dos assuntos que realmente importam.

-Tenho algo muito importante para falar para o senhor e ja faz algum tempo, existem coisas que retardamos, que relutamos, que nos negamos a aceitar muitas vezes, todavia não há meio termo, não existe solução diferente a não ser baixar a cabeça e acatar.

-Sim, é mais forte que nós mesmos- diz Arlindo.

   A cena parecia clássica: o pai de um lado o filho do outro, e um dilema, a reação de cada um estando frente à frente era um enigma.Havia um detalhe: o tempo que não era dos melhores, o céu sem estrelas, coberto pelas nuvens carregadas tal como as cortinas de um teatro que esconde o espetáculo que nos farão rir, chorar ou ambos.Agora percebia-se que a maioria dos apartamentos dos prédios ao redor ja haviam apagado suas luzes, todos ja haviam adormecido, todavia, no aprtamento 45 as luzes insistiam em permanecer acesas.


-Pai, ja percebeu como sempre tentei fugir de muitas coisas e você sempre me ajudando, me impulsionando de modo a não me deixar desistir dos desafios, foi sempre assim, desde aprender a dar as primeiras pedaladas na bicicleta até a tão almejada aprovação no vestibular.

-sim. Lembro de quantos tombos você levou até aprender definitivamente andar de bicicleta, mas o vestibular eu apenas fiz você acreditar no grande potencial que tinha, era  apenas uma questão de paciência e perseverança.

-Sim pai, mas em todas essas vezes la estava o senhor sempre apoiando, isso é elogiável.

-Apenas fiz minha obrigação de pai.

-Pode ser.Tudo isso foi extremamente importante, ainda mais para nós que perdemos a mãe muito cedo.Foi uma barra e tanto.

-É verdade filho.Mas onde você realmente quer chegar com todas estas recordações muito bonitas, que embelezam tudo ,mas não te dão pistas de absolutamente nada.

  Neste momento há um silêncio esmagador que chega a sufocar, ambos temem por algum motivo que guardam à sete chaves no fundo de seus corações amordaçados por pensamentos dos mais distintos.Pedro dá mais umas tragadas no cigarro, que ja estava no filtro laranja, bafora a fumaça, que se mistura com a névoa gélida do inverno e se perde na imensidão da noite com todos os seus encantamentos que nos embriagam e nos contagiam, assim mesmo, tudo misturado.A noite onde todos somos vencedores e vencidos, onde os temores e os atos de bravura nos promovem ou nos rebaixam, assim mesmo, tudo exatamente definido.
 

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